Na madrugada da última sexta-feira (04/08/2017) bolsistas e voluntários do Projeto Baias Parideiras na Suinocultura: Uma nova perspectiva para os sistemas produtivos promotores do bem-estar animal, realizaram o acompanhamento do parto e a avaliação comportamental da primeira fêmea suína alojada em baias parideiras na UEA (Unidade de Ensino Aprendizagem) de Suinocultura do IFC Campus Araquari. O projeto de pesquisa, aprovado em Edital interno, está sendo desenvolvido por uma equipe de alunos de diferentes cursos do Campus, como Técnico em Agropecuária, Medicina Veterinária e Licenciatura em Ciências Agrícola, sob a orientação de vários docentes que atuam nos mesmos.
Nos sistemas intensivos de produção de suínos atuais, as fêmeas são alojadas em gaiolas individuais dispondo de uma área aproximadamente de 1,32 m²/animal, permanecendo nesse ambiente restrito durante toda a sua vida produtiva. Porém, em 2013, o sistema de alojamento em gaiolas para fêmeas gestantes foi proibido na UE (União Européia) sendo substituído por baias coletivas, aonde as fêmeas permanecem juntas em um espaço maior para se movimentarem. Essa iniciativa tem alcançado, desde então, vários países ao redor do mundo que também estão deixando de adotar tal sistema. No Brasil, as grandes Agroindústrias que produzem suínos também já sinalizaram a abolição das gaiolas até meados de 2025.
Apesar das gaiolas serem abolidas somente na fase gestacional, muitos países europeus, por iniciativa própria, já vem adotando alternativas inovadoras para alojar as fêmeas na fase de lactação, ou seja, a fase que compreende o parto até o desmame, em que as fêmeas permanecem com seus leitões restritas em gaiolas. Uma das alternativas consiste no alojamento das fêmeas soltas em baias, chamadas de baias parideiras. As baias parideiras, além de proporcionarem maior espaço para a movimentação da fêmea, possibilita o contato íntimo com seus leitões e a expressão de comportamentos naturais, como a confecção do ninho, comportamento este privado nos sistemas atuais devido à existência de gaiolas.
Em consonância ao avanço no panorama atual de adaptações do mercado suinícola e percebendo a necessidade de estudos que aliem o bem-estar animal com a produtividade, a avaliação do comportamento de fêmeas suínas e do desempenho zootécnico de leitões alojados em baias parideiras na fase de lactação proposto nesse projeto de pesquisa possibilitará que nossa UEA de Suinocultura possa se tornar um referencial na região neste tipo de instalação, instigando a visita de suinocultores e de setores da empresa interessados em conhecê-la. Isso tudo, a exemplo do alojamento em baias coletivas durante a gestação, em que a UEA também foi uma das pioneiras na região a implantar tal sistema. Outras instituições de ensino e pesquisa, por exemplo, podem buscar esse tipo de estrutura aqui presente para alavancar estudos na área, aperfeiçoando os dados que podem ser explorados nesses sistemas atuais.
Agora a equipe do projeto dará continuidade aos trabalhos, voltando sua atenção para a avaliação do repertorio comportamental da fêmea e de sua leitegada, sendo possível, também, fazer comparações com fêmeas que permanecem no sistema tradicional de gaiolas/celas parideiras, evidenciando um novo modelo de produção, que permita a expressão natural dos comportamentos dos animais e garanta a produtividade, indo ao encontro do que preconiza os sistemas promotores do bem-estar animal, que são, portanto, mais sustentáveis e mais éticos.
Texto e imagens: Danieli Cristina de Souza, Erica Marson Bako, Juahil Martins Oliveira.