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MANIFESTO EM FAVOR DO RESPEITO

A cultura, composta de hábitos e ações cotidianas, define em parte quem somos. Buscamos, enquanto escola, trazer para nossa cultura escolar o diálogo sobre quem somos e o que queremos no trabalho de formação de nossos estudantes e servidores.

Na última quinta-feira, 22 de junho, por volta das 9h20 e posteriormente também às 20h30, aconteceu um manifesto em favor do respeito, em grande parte das salas do Instituto Federal Catarinense Campus Araquari. Este manifesto foi mais uma intervenção do Coletivo Maloca, motivado por uma situação que aconteceu há poucos dias dentro da instituição.

Os fatos foram expostos durante a leitura do texto, distribuído de sala em sala por integrantes do coletivo, e que tomou alguns minutos de atenção de professores, estudantes e técnicos-administrativos, e que merece a releitura agora também:

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[8]Manifesto em favor do respeito

Você sabe o significado de Maloca? Palavra de origem guarani que significa “casa grande” ou “aldeia indígena”.

Aqui no IFC criamos em 2016, o Coletivo Maloca, que reúne estudantes do Ensino Médio e Graduação, professores e técnicos que semanalmente se encontram para discutir, viver e experienciar a arte em suas diversas linguagens. Como grupo, escolhemos esse nome porque buscávamos algo que remetesse ao povo que originalmente habitava esse lugar, e também porque o IFC representa a nossa casa. Uma casa que abriga assim como o nosso, outros coletivos, e o outro.

Alteridade, palavra que remete a nossa capacidade de nos colocarmos no lugar do outro. Em uma escola, assim como em uma casa, a alteridade é sempre algo que buscamos, para conviver melhor, nos respeitarmos e reconhecermos aquele que em sua igualdade, nos é diferente.

Respeito: a atitude de consideração, de atenção. No dia 12 de junho, dia em que celebramos todas as formas de amor, o Coletivo Maloca optou por prestar um ato de reconhecimento e homenagem ao mês do orgulho LGBTQ. Queríamos exercitar nossa alteridade, nosso olhar e nosso respeito para com o outro. Independentemente de nossos valores, crenças e gostos pessoais. Para isso escolhemos as seguintes frases:

“O que muda em sua vida se José ama Joaquim?”

“Sou gay, sou lésbica, sou bissexual, sou transexual, sou heterossexual… Sou humano”.

Nesta última, optamos por riscar todas as demais identidades e dar ênfase a frase final, “Sou humano”.

Pintamos também as cores do arco-íris, que representam a diversidade.

O antônimo de respeito é desprezo, repulsa, ódio. [9]

Poucas horas depois do trabalho ter sido finalizado, o mural foi atacado, na calada da noite, anonimamente. Nosso trabalho foi vandalizado, a diversidade foi ferida. Por que tanta repulsa? Onde foi parar a humanidade? Quando urinaram naquela parede, eles molharam a todos nós. E suas palavras de agressão, tocaram também nossas faces. Uma violência simbólica, mas não menos agressiva.

Este manifesto traz as cores desse cenário, sem exageros, com os difíceis tons da realidade que nos cerca. Que envolve educar a intolerância e abraçar aquele que não pensa como eu, mas que merece meu respeito. Entendemos que o orgulho da diversidade sexual não pode ser tratado como anormal e doentio, sob o risco de perdermos aquilo que nos torna humanos, a capacidade de amar.

Porque somos todos humanos.

Coletivo Maloca

Araquari, 22 de junho de 2017.

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O Coletivo Maloca (coletivo de artes vinculado ao projeto de extensão intitulado “práticas e processos: arte, vida e cidade”, coordenado pela prof.ª Alessandra Klug) produziu este manifesto em função do ocorrido na última semana. A ideia desta intervenção é de acolher, e não de retaliar; aproximar, e não afastar.

A CGAE, DDE e Direção-Geral apoiam a cultura da diversidade, do diálogo e do respeito, e apoiam também esta intervenção.

Aos demais servidores docentes e técnico-administrativos, esperamos que esta intervenção colabore no diálogo sobre a importância da cultura do respeito à diversidade na instituição.

Texto e imagens: Adaptados de Coletivo Maloca